Entidades científicas mantêm luta para recuperar o orçamento para ciência e tecnologia em 2018
Representantes da comunidade científica e acadêmica
participaram de Comissão Geral no Plenário da Câmara e audiências com relatores
do PLOA 2018 nessa terça-feira, 21. “É lamentável que vivamos em um País
em que precisamos convencer que ciência e tecnologia são fundamentais para a
economia e para a qualidade de vida das pessoas”, lamenta o presidente da SBPC,
Ildeu de Castro Moreira
As entidades científicas continuam firmes no empenho de sensibilizar os
parlamentares sobre a importância de recuperar o orçamento para ciência e
tecnologia. O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira se encontrou nessa
terça-feira, 21, com o deputado Cacá Leão, relator geral do Projeto de Lei
Orçamentária 2018 (PLOA 2018), juntamente com os presidentes da Academia
Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, da Associação Nacional de
Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz e a Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes). Pela manhã, eles
também falaram na Comissão Geral que debateu, no Plenário da Câmara, a crise
nas instituições de ensino superior do País, solicitada pela Andifes e pelo
Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica (Conif).
No encontro com o relator-geral do PLOA 2018, os representantes da
comunidade científica insistiram na questão da recuperação do orçamento
previsto para o próximo ano e demonstraram, com gráficos e tabelas, a gravidade
da situação para a área, que prevê para 2018 uma redução de 25% em relação ao
orçamento movimentável de 2017 (que exclui despesas obrigatórias e reserva de
contingência). “O orçamento previsto na LOA para 2017 era ruim e ficou péssimo.
O de 2018 já começa terrível e poderá ficar catastrófico”, comentou o
presidente da SBPC.
Ildeu Moreira ressaltou que o PLOA 2018 atinge particularmente a área de
C&T e reiterou que, se o orçamento for aprovado como está, provocará um
desmonte em todo o setor.
Leão reconheceu que o orçamento para C&T hoje é muito parecido com o
de 2007, ou seja, o mesmo de uma década atrás, quando as comunicações ainda não
compartilhavam o mesmo ministério. “O recuo é grande”, afirmou. No entanto, o
deputado não se comprometeu com eventuais aumentos do orçamento e disse que a
comissão tem sofrido pressões do Ministério do Planejamento para não alterar as
estimativas do próximo ano.
Também participaram da audiência o secretário adjunto de ciência e
tecnologia do governo do DF, Tiago Coelho, representando o Consecti; o reitor
da Universidade Federal do Piauí, José Arimatéia, representando a Andifes; e o
Deputado Celso Pansera (PMDB/RJ), que viabilizou a reunião.
Pouco antes da audiência, os presidentes da SBPC e da ABC tiveram uma
reunião com o senador Jorge Viana (PT/AC), relator setorial para Ciência e
Tecnologia do PLOA 2018. Eles discutiram a gravidade dos cortes e a necessidade
de revertê-los. Segundo conta Moreira, Viana se comprometeu a direcionar
esforços para recuperar o orçamento de C&T.
“Temos que buscar o tempo todo pressionar e sensibilizar os parlamentares.
Não está fácil, porque não sentimos muita preocupação por parte do governo com
a importância da ciência e tecnologia do País”, lamentou o presidente da SBPC.
Crise no Ensino Superior
Na comissão geral para debater a crise nas instituições de ensino superior
do País, realizada na manhã dessa terça-feira, parlamentares, representantes de
entidade científicas e de universidades públicas protestaram contra os cortes
orçamentários previstos no PLOA 2018 para a educação profissional e para a área
de ciência e tecnologia.
O presidente da Andifes, Emmanuel Tourinho, alertou para a redução de 20%
no orçamento das instituições de ensino superior – que agora está menor do que
o de 2014 para o custeio – e pediu prioridade nacional para a manutenção das
universidades públicas federais gratuitas. Os cortes, segundo ele,
inviabilizarão a aquisição de livros para bibliotecas, de equipamentos para
laboratórios e de infraestrutura para o ensino, entre outros problemas, em um
sistema formado por 63 instituições, e que engloba mais de 1,2 milhão de
estudantes. “Essa redução é incompreensível para uma nação que nem sequer alcançou
a taxa de oferta na educação superior dos países vizinhos na América do Sul”,
disse.
Francisco Brandão, presidente do Conif, afirmou que, com base no orçamento
previsto para 2018 e nas regras orçamentárias impostas pela emenda do teto dos
gastos (EC 95), o resultado será, tragicamente, o fechamento de campi pelo
País.
“Como sustentar o ingresso e a permanência dessa camada representativa de
82% de alunos oriundos de escolas públicas no mundo da educação, se o nosso
orçamento está vindo cada vez mais em escala regressiva?”, questionou.
Já o presidente da ABC alertou que o governo brasileiro insiste em ir na
contramão das equipes econômicas do mundo, e deu o exemplo dos países
desenvolvidos, que apostam em ciência e tecnologia para vencer a crise,
enquanto o Brasil corta ainda mais o orçamento da área de ciência e tecnologia
em 2018. Uma segunda bomba atômica, que segundo ele, “vai ser o extermínio do
que já está bastante prejudicado”.
Ildeu Moreira defendeu que o futuro do Brasil depende dos Institutos Federais
e das universidades públicas e afirmou que é lamentável que vivamos em um País
em que precisamos convencer que ciência e tecnologia são fundamentais para a
economia e para a qualidade de vida das pessoas.
“Tudo o que achamos no orçamento para o ano que vem, comparado com 2017,
são reduções de 39% ou 40% para os institutos de pesquisas brasileiros, como a
redução de 20% da Capes e a redução do recurso do FNDCT, que possivelmente
ainda vai ser contingenciado. São reduções dramáticas na infraestrutura da
universidade. Com as agências como o CNPq e a Finep sendo reduzidas, há o
impacto direto no trabalho das universidades. Essa redução na área da ciência e
tecnologia é absolutamente inexplicável quando se pensa no futuro da Nação”,
declarou.
[Artigo extraído do seguinte endereço:http://www.jornaldaciencia.org.br/entidades-cientificas-mantem-luta-para-recuperar-o-orcamento-para-ciencia-e-tecnologia-em-2018/]
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